28.2.13

Obsoleto

Os frequentes atrasos e esquecimentos do antigo capelão já vinham provocando comentários desdenhosos pelas ruas e praças, mas, ainda assim, todos queriam proteger aquele símbolo secular.

Apesar dos protestos por toda a cidade, trocaram o velho sino de bronze por um equipamento eletrônico, programado para soar nas horas exatas, ditando o ritmo dos fiéis e do comércio. A centenária peça de bronze, no entanto, permaneceu na torre, pois, além da dificuldade para removê-la e de toda a história que representava, ela era um atrativo para os turistas que esporadicamente apareciam por lá.

De início, o responsável por manter a tradição, que não se pronunciou em qualquer das reuniões sobre a substituição, parecia estar aliviado do fardo de sua função. Mas, naquele domingo, durante a missa, começaram as badaladas incessantes.

Ante o presságio de uma tragédia, interrompemos a celebração e subimos pela escadaria em espiral, enquanto ainda ecoavam pela torre aqueles sons estridentes, agora mais esparsos. Ao chegarmos ao topo, desabamos em lamentos após notar, entre as cordas do badalo, os pés suspensos.

27.2.13

Provento

Ele virou palhaço

mas era pouco ambicioso

inflava, orgulhoso

ao conquistar um riso fácil

25.2.13

Ressaca

Nadava em esquecimento

mas submergia
- de tempos em tempos

nas águas turvas
- de memórias difusas

gerando redemoinhos
- em sonhos intranquilos

24.2.13

V Prêmio Canon de Poesia

A poesia Sitiada foi selecionada para compor a antologia do V Prêmio Canon de Poesias, organizado pela Fábrica de Livros (do grupo editorial Scortecci), em parceria com a Canon do Brasil.

O resultado foi publicado no dia 8 de fevereiro. No entanto, demorei algum tempo para conseguir descobrir qual poesia eu havia inscrito neste certame.

Desde 2008 eu participo deste concurso, que foi um dos primeiros com processo de inscrição através de formulário em site (que poupa muito esforço e papel), e até então não havia conseguido emplacar nenhuma seleção. De acordo com os organizadores, esta edição recebeu quase 3000 inscrições; e eu fico muito honrado por estar entre os 50 autores selecionados!

21.2.13

Livro constrói ponte literária entre BH e Rio de Janeiro

O Coletivo 21 está concluindo a construção da sua primeira ponte literária. Trata-se da antologia Prosa na Ponte Rio-BH (inédito), conjunto de contos em que as cidades de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro são cenários ou personagens das obras.

Treze autores do Coletivo 21 e o escritor português Cunha de Leiradella (que morou mais de quarenta anos no Brasil, em BH e no RJ, antes de retornar à terra natal, na Serra do Gerês) formam o time de escritores com textos sobre a capital mineira. São eles: Adriano Macedo, Antonio Barreto, Branca Maria de Paula, Caio Junqueira Maciel, Carlos Herculano Lopes, Cláudio Martins, Cunha de Leiradella, Dagmar Braga, Francisco de Morais Mendes, Jeter Neves, Leo Cunha, Luís Giffoni, Ronaldo Guimarães e Sérgio Fantini.
Escrevem sobre o Rio de Janeiro, os escritores Alexandre Brandão, Catarina Pereira, Cristina Zarur, Deonísio da Silva, João Paulo Vaz, Leila Míccolis, Lídia Santos, Marcelo Moutinho, Mariel Reis, Marlene de Lima, Nelson Vasconcelos, Rodrigo Domit, Vário do Andaraí e Sérgio Sant’Anna. Este último participa da antologia com a o texto A mudança do poeta, uma prosa poética sobre a mudança do autor de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro na sua juventude.

“Como o próprio nome sugere, a ideia foi construir a primeira ponte literária do Coletivo 21 com escritores de outra cidade, criando um panorama contemporâneo sobre as cidades em que os autores residem”, informa o jornalista e escritor Adriano Macedo, organizador do livro. E por que o Rio de Janeiro? “Foi um traçado que surgiu naturalmente. Em 2011, ano em que o Coletivo 21 foi criado, estive no Café Lamas, no Flamengo, com um grupo de escritores cariocas e mineiros residentes na cidade, já com a ideia de desenvolver algum projeto em conjunto”, explica Adriano Macedo.


Ainda em 2011, o grupo lançou sua primeira antologia, Coletivo 21 (Autêntica Editora), selecionada pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE 2012). A segunda, Adolescência & Cia (Editora Miguilim), foi organizada pelo jornalista e escritor Jorge Fernando dos Santos e publicada no ano seguinte. A terceira, Poemas para cantar e dançar (inédita), foi organizada pelos escritores Leo Cunha e Neusa Sorrenti.


Fonte:
http://www.coletivo21.com.br/livro-constroi-ponte-literaria-entre-bh-e-rj/

19.2.13

Apreendidos

São pássaros da mesma espécie
- quase idênticos

diferenciam-se apenas
por um ponto bem específico:


voam livres as poesias

enquanto cantam
- em gaiolas

os poemas

16.2.13

Quando decidi virar escritor

Como em toda área, há todo um processo que leva à formação e ao conhecimento de si mesmo e da profissão, mas o dia da decisão, este fica marcado.



No dia 3 de dezembro de 2007, recebi a notícia de que meu conto Dedicatória havia sido selecionado para compor a antologia do 17º Concurso de Contos Luiz Vilela, que foi um dos mais tradicionais, renomados e disputados certames do gênero no país.

Admito que, quando me inscrevi, e até mesmo quando recebi a notícia por um telefonema da Fundação Cultural de Ituiutaba, eu não tinha a dimensão do que significava aquela conquista. A ficha começou a cair quando a Gisele Pacola, escritora de Curitiba, me ligou aos berros, falando que eu estava na lista de selecionados de um grande concurso (ela usou outros termos, mas, vá lá, o sentido era esse!) ao lado da Luci Collin, que é uma referência da literatura de Curitiba - cidade onde nasci e na qual morei de 2002 a 2008.

Na época, o jornal Gazeta do Povo até deu destaque para a seleção de quatro curitibanos entre os dez selecionados. Na edição de 5 de dezembro, consta a nota ao lado.

Quando descobri que havia, então, um veio de qualidade nos meus textos, decidi que eu devia me dedicar mais à escrita, que eu queria me tornar um escritor. E foi nessa época, em meio a frequentes exercícios literários, que escrevi meu primeiro livro, o Colcha de Retalhos, que no ano seguinte foi finalista do Prêmio SESC de Literatura; em 2010 foi vencedor do Prêmio Utopia; e, quatro anos depois daquela premiação, daquela decisão, no dia 4 de dezembro de 2011, foi lançado no Rio de Janeiro.


Ecos da conquista

Muitos anos depois, ainda repercutia aquela premiação: no ano passado fui informado pelo professor Rauer Ribeiro Rodrigues, da UFMS, que o conto Dedicatória, descoberto através daquele concurso, é utilizado como exemplo na matéria Poética do Conto, ministrada para os alunos do mestrado em Letras.

Por conta da premiação, ainda vim a conhecer os escritores Whisner Fraga, Homero Gomes, Geverson Bispo Rodrigues e Alexandre Nobre - além da Luci Collin - que hoje são caros e respeitados amigos.





ps: este momento é distinto do momento em que decidi começar a escrever mais, ainda sem qualquer pretensão, por conta da descoberta dos textos do grande escritor uruguaio Eduardo Galeano (esse fica para outra postagem!).

14.2.13

Faça pouco, mas faça bem

Há poucos dias, informei por aqui que um texto meu foi publicado no jornal Correio Braziliense.

Esta semana, pelas mãos do amigo Danniel Ferreira, recebi um exemplar do jornal e pude me deparar com a generosidade do diagramador do jornal com meu texto, que foi impresso em letras garrafais.

Confiram abaixo um recorte da página 4 do caderno Diversão & Arte de 22 de janeiro de 2013:


Clique na imagem para ampliar



Destaco, como curiosidade, que ao lado do texto, no horóscopo do meu signo (capricórnio), consta a seguinte frase:

"Faça pouco, mas faça bem, importa muito mais a qualidade do que a quantidade..."

Para quem busca a concisão na literatura, esta coincidência soa quase como um elogio!

9.2.13

Ainda sobre o Prêmio Top Blog

Após a premiação no Top Blog, encaminhei um breve release para veículos de imprensa e organizadores de concursos literários, com o intuito de tornar o blog mais conhecido pelo público em geral.

Seguem abaixo algumas das publicações sobre a cerimônia:


Coordenação do Livro e Leitura de Porto Alegre


Falando de Literatura


Coruja Cultural


Apaixonada por Livros


Fato Agenda

1.2.13

Retrato falado

Era assustadoramente comum: não havia qualquer traço marcante; uma cicatriz que fosse, olhos faiscantes ou muito opacos, um tique, trejeito - nem ao menos um tom de voz ou respiração brusca que levantassem suspeitas

Havia apenas uma maldade incerta, dessas que se encontra em qualquer um

Concursos Literários na Folha de São Paulo

ADRIANA FARIAS
Colaboração para a Folha de São Paulo


Publicado no caderno FOLHATEEN de 28/01/2013


Aquela redação escrita na sala de aula ou a poesia rabiscada numa noite em claro podem ganhar visibilidade por meio de concursos literários, capazes de dar o pontapé inicial na carreira de quem quer virar escritor.

No ano passado, ao menos 312 concursos de poesias, contos, romances e crônicas foram abertos no Brasil, segundo mapeamento do escritor Rodrigo Domit, 28, criador do blog concursos-literarios.blogspot.com.

"Viabilizar uma obra para um autor iniciante é caro, por isso os concursos são a melhor opção", afirma.


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