18.12.12

Lançamento da antologia "Natal, viagens e fantasias"

por Isabel Furini


O evento foi em 12 de dezembro, 19 horas, no SESC Água Verde. O Coral do Thalia encantou os presentes. O livro de minicontos "Natal, Viagens e fantasias" reuniu minicontos de autores com estilos diferentes. A capa foi elaborada a partir do quadro "Vilarejo" do artista plástico, curador e colunista cultural Carlos Zemek.


Os escritores que participaram do livro:

Rodrigo Domit (convidado especial),

Alexandra Barcellos, Ana Paula Lemos Pinheiros, Eliziane Nicolao Lobo Pacheco, Fernando Botto Lamóglia, Luciana Souza, Luiza Guarezi, Susana Arceno Silveira, Silvia Maria de Araújo, Willians R. Mendonça.

Contos em parceria:
Adriana Menendez e Sonia Andrea Mazza.


Por que convidamos Rodrigo Domit? Rodrigo Domit ainda é um escritor jovem, mas ele tem um estilo muito interessante e sabe trabalhar com inteligência os textos. Uma de suas características sobressaintes é que seus textos exprimem a linguagem literária, a metáfora na medida certa. Rodrigo Domit, é um jovem escritor com um grande futuro no mundo literário.

Também prestigiaram o livro com seus contos a escritora Silvia Maria de Araújo e o escritor Fernando Botto Lamóglia, entre outros.


Rodrigo Domit
Nascido em Curitiba, criado em Londrina e residindo atualmente no Rio de Janeiro, Rodrigo Domit é autor dos livros Vem cá que eu te conto (2009) e Colcha de Retalhos (2011). Entre outras classificações em certames literários, foi primeiro colocado dos concursos: Machado de Assis – SESC-DF (Contos – 2011), Prêmio Cidadão (Poesia – 2011), Concurso Literário de Suzano (Poesia – 2012) e Prêmio Utopia (Livro de Contos – 2010).

Silvia Maria de Araújo
Silvia Maria de Araújo faz parte da Academia Feminina de Letra, é socióloga e foi professora da Universidade Federal do Paraná. Com doutorado na USP e pós-doutorado na Universidade de Milão, hoje é presidente da ABET – Associação Brasileira de Estudos do Trabalho. É autora de livros, como Sociologia: um olhar crítico (2009) e Agora e sempre, a vida é um projeto (2012). Tem capítulos no livro Para Filosofar (Scipione), ganhador do Prêmio Jabuti 2001.

Fernando Botto Lamóglia
Já Fernando Botto Lamóglia, é escritor, apaixonado professor e dedica-se a escrever humor. Publicou os livros Alho, cebola e beijo na boca e Fungos da Mongólia. Seu sobrenome de pai é Lamóglia. Na África, onde morou por cinco anos, foi colunista de revista, tirou fotografias e, num concurso, foi finalista. É palestrante, possui variados livros na estante e prefere suco a refrigerante. Fez faculdade, especializações e mestrado. Estuda psicodrama e curte a vida adoidado.

Promoção de livros n'O Bule



O projeto literário O Bule, que conta com um site, redes sociais e uns tantos eventos, lançou uma promoção de livros neste final de ano.

Na lista de obras em promoção, constam títulos de autores de todos os cantos do país, de todos os gêneros - cada um com seu estilo!

Manicômio, de Rogers Silva; ‘UM’, de Geraldo Lima; Pianista boxeador, de Daniel Lopes; O acaso das manhãs e Areia (À fragmentação da pedra), de Milton Rezende; Ensaio sobre ‘The Dark Side of the Moon’ e a Filosofia: uma interpretação filosófica da obra-prima do Pink Floyd, de Irineu Barreto; Crônicas, metáforas e outros mamíferos, de Muryel De Zoppa; Mão Branca, de Giovani Iemini; e, por fim, o meu Colcha de Retalhos.

Na página da promoção você pode encontrar mais informações sobre os autores e sobre as obras. Vale a pena pesquisar para ver se um - ou todos - não te agrada. Os livros estão com bom preço, com frete grátis e aceita-se o pagamento com PagSeguro.

Fica a dica para um presente de natal, amigo secreto...


15.12.12

Colcha de Retalhos em Cena

O pessoal da Cia. Rogê de teatro encenou alguns textos do livro Colcha de Retalhos no dia do lançamento do livro em Uberaba, no espaço da Alternativa Cultural.

No dia 12 de dezembro, eles retornaram à livraria para uma retrospectiva 2012 e as cenas montadas sobre textos do Colcha entraram no programa.


Segue abaixo o cartaz do evento:

3.12.12

Prêmio - Mérito Cultural 2012 - "Edgar Franco"

Segue abaixo comunicado que recebi hoje e que me deixou muito feliz por ser mais um reconhecimento a um projeto simples, mas que exigiu e exige muita dedicação de toda a equipe:


A L A M I
Academia de Letras, Artes e Música de Ituiutaba.


PRÉMIO
MÉRITO CULTURAL 2012
“EDGAR FRANCO”

Caro Senhor
Rodrigo Domit
DD: Diretor do site
- concursos-literarios.blogspot.com.br -

A Academia de Letras, Artes e Música de Ituiutaba e a Fundação Cultural de Ituiutaba, como parte da solenidade de entrega do Prêmio Mérito Cultural 2012, tem a honra de conceder a V.Sª. o Troféu de “O BLOG DO ANO” em reconhecimento ao valioso serviço sócio-cultural prestado à Literatura através do site - concursos-literarios.blogspot.com.br -


Ituiutaba, 01 dezembro de 2012.


Enio Eustáquio Ferreira
ALAMI- presidente

Dr. Francisco Roberto Rangel
F.C.I – Diretor-Presidente

Ângela Vilela Marquez de Sá
ALAMI – secretária

Adelaide Pajuaba Nehme
ALAMI – Diretora de Premiação


*biografia de Dr. Edgar Franco: www.solardaliteratura.blogspot.com.br

26.11.12

23º Concurso de Contos Paulo Leminski

O conto Aspirações conquistou uma menção honrosa no Concurso de Contos Paulo Leminski, que é organizado pela Unioeste e pela Prefeitura Municipal de Toledo (através da Biblioteca Pública Municipal) desde 1989 e que é reconhecido como um dos mais tradicionais e disputados certames literários do gênero - o número de inscrições costuma oscilar entre 650 e 800 obras.

Recebi a notícia com muita alegria e com uma sensação de alívio, pois foi um dos primeiros textos que fiz após resolver exercitar prosas um pouco mais longas e, apesar de ter gostado do resultado, a autocrítica sempre deixa brechas para que se duvide da própria capacidade de explorar novas possibilidades.


O conto está disponível para leitura no seguinte endereço:

Finalista do Prêmio Top Blog 2012

Foram divulgados ontem os finalistas do Prêmio Top Blog, certame destinado a reconhecer e premiar, mediante votação popular (júri popular) e acadêmica (júri acadêmico), os blogs brasileiros.

Na categoria Literatura, no segmento de blogs profissionais, o blog Concursos Literários está entre os três finalistas. No dia 08 de dezembro, em São Paulo, será divulgado o resultado final, mas, independente da classificação, é uma honra ter ficado entre os três primeiros.

Agradeço a todos pela colaboração e pelos votos que nos fizeram alcançar este destaque!

Segue a lista dos que ajudaram e ajudam a construir e manter o blog, que também merecem um agradecimento especial:

Sérgio Bernardo (Nova Friburgo - RJ) , Joaquim Antonio (São Paulo - SP), Amanda Reznor (São Paulo - SP), Cinthia Kriemler (Brasília - DF), Hélio Sena (Massapê - CE), Ana Paula Scolari (Londrina - PR), Edgar Borges (Boa Vista - RR), Flávia Amaro (Uberlândia - MG), Ana Carolina Alencar (São Paulo - SP), Lucas Corrêa Mendes (Araguaína - TO) , André Telucazu Kondo (Jundiaí/Caraguatatuba/Taubaté – SP), André L. Soares (Guarapari - ES) e Rosana Banharoli (Santo André - SP)



Cabe ressaltar que o blog da revista Samizdat, com o qual colaboro como autor, também está entre os finalistas. Para fechar a lista, destaco também o portal Podler.org, que é parceiro do blog Concursos Literários e que publicou, com minha colaboração, uma série de matérias sobre prêmios literários no Brasil.

Aspirações

Ela era da época em que se espalhava a sujeira pela casa com o espanador, tarefa árdua e que não resolvia o problema do pó, mas que, ao menos, ao dispersá-lo, tornava-o quase imperceptível, ignorável. Tal como o espanador, em relação aos outros problemas da casa e da família, bases às quais se resumia sua vida, dispersava as nuvens espessas com pensamentos e tarefas aleatórias, como testar uma nova receita, cuidar do jardim ou aprender as técnicas de ponto e cruz da revista que comprava sempre que ia ao mercado, um dos poucos pequenos prazeres aos quais ela permitia-se.
Nos trinta e cinco anos de casada, abriu mão de quase todas as suas aspirações. Desistiu da faculdade, da carreira de psicóloga, dos passeios pela praça aos domingos (incluindo o almoço fora e o sorvete, sem obrigação de cozinhar ou lavar louça), das viagens ao Pantanal e ao Nordeste, do cachorro, dos dois gatos e de muitos outros planos e desejos, todos dissipados. Além disso, fazia vista grossa às grosserias, ao excesso de trabalho e aos caprichos do marido, o senhor Leopoldo Guimarães, sujeito mais sovina da cidade. Diziam que ele passava metade do dia preocupando-se em ganhar mais dinheiro e a outra metade preocupando-se em não gastá-lo; Com exceção dos domingos, que o velho respeitava como se por força de lei. A maioria fazia piadas e zombarias, mas quem sofria mesmo era ela, privando-se, presa por si mesma àquela casa com nuvens espessas de pó.
Naquela manhã de domingo, por ser aniversário dela, o marido deixou-a dormir até mais tarde, foi até o jardim, arrancou de lá algumas das rosas de que ela mais cuidava, amarrou-as com um pedaço da hera que subia pelo muro da rua e tentou surpreendê-la com o buquê improvisado e com uma xícara de café na cama. Não teve sucesso na surpresa, assim como não havia tido em todos os outros aniversários múltiplos de cinco, em que ele fazia exatamente a mesma coisa - intercalando com o cartão de próprio punho que entregava nos aniversários dos entremeios. Ainda que decepcionada, ela lembrou-se de como sorriu no ano anterior e estampou no rosto aquele mesmo sorriso insosso, agradeceu de cabeça baixa e foi preparar um chá; Detestava café.
Pouco mais tarde, naquele mesmo dia, o filho mais velho foi visitá-la. Aquele que trabalhava fora, na cidade vizinha, porque o mais novo não ia até a casa dos pais havia mais de cinco anos, desde que o pai o expulsara de lá, alegando que os gastos com telefone estavam muito altos e que havia chegado a hora dele andar com as próprias pernas. Ela permaneceu em silêncio durante a discussão e a partida; E arrependeu-se depois da inércia, mas mantinha contato com o filho por cartas que ela deixava para uma amiga dele, a caixa do mercado. O primogênito, que apareceu com um grande pacote e um sorriso maior ainda, havia fugido de casa cedo porque sabia que, enquanto morasse lá, continuaria brigando com o pai, em defesa da mãe e do caçula. Quando o senhor Leopoldo apareceu na sala de entrada, atraído pelos ruídos de visita recém-chegada, em uma das raras excursões além da poltrona no domingo, cumprimentou-o com um aperto de mão e um tapinha nas costas; Para o velho, aquilo era sinal de muito respeito, adquirido por enfrentar o mundo lá fora e, de quebra, reduzir as despesas da casa. Após o cumprimento, o filho pouco disse e logo despediu-se; Não se sentia bem ali, nunca conseguiu dissipar os traumas.
Pouco interessado pelo filho, pela esposa ou pelo pacote, Leopoldo voltou a recostar-se na poltrona da sala de televisão. Enquanto isso, ela abriu o pacote, primeiro tentando as beiradas e depois, ansiosa, o rasgando em pedaços com as unhas. Leu na embalagem: aspirador de polvo. Riu um pouco da tradução em espanhol ao imaginar o pobre molusco sendo sugado por aquele equipamento da foto, coitado, com os tentáculos ainda para fora, debatendo-se. Ao retirá-lo da caixa, conferiu o manual, montou todos os tubos e foi em busca de um local propício para o primeiro teste.
Chegando à biblioteca - que não tinha nenhum livro novo porque Leopoldo dizia que livro novo era um gasto desnecessário, uma vez que todos se acabariam no alfarrabista da praça central - ela ligou o aparelho na tomada e, de repente, viu-se fazendo desaparecer as nuvens espessas de pó. Camada por camada, retirava o pó de cada prateleira, cada coleção incompleta de enciclopédias (era muito difícil completar alguma comprando apenas as descartadas) e, também, do chão, do ar, de todo o lugar. Quando desligou o aspirador, viu-se em um novo ambiente, verdadeiramente limpo, leve.
Tomada por um novo ânimo, com um brilho incomum nos olhos, partiu para o quarto do casal e ligou novamente o aspirador. Retirou todo o pó do chão, do ventilador de teto, da cabeceira e da penteadeira. Quando foi tirar o pó do criado mudo, uma foto mal presa no porta-retratos acabou puxada para a boca do aparelho. Assustada, após duas tentativas com o pé, abaixou-se, desligou o aspirador e a foto caiu. Ao ver que se tratava de uma foto do marido na viagem de negócios que fez sozinho a São Luis e Salvador, programou o aparelho para a força média e mirou o tubo novamente para a foto. Esta dobrou-se, estalando, e rebateu sonoramente em cada curva do cano até pousar silenciosamente em algum lugar distante.
Surpresa com a potência do aspirador, ela abriu mais ainda os olhos brilhantes, sorriu e apontou a boca do tubo para o enxoval que jazia sobre a cama - com as iniciais dele e dela bordadas em ponto e cruz. Sugou toda a roupa de cama, incluindo os travesseiros. Depois, entre uma gargalhada e outra, aspirou todos os porta-retratos do criado mudo e as roupas e sapatos do armário. Seguindo para o banheiro, aspirou as escovas de dentes, as toalhas de banho - igualmente bordadas – e, por fim, os óleos de banho e perfumes que ele nunca passou nela ou por ela.
Do banheiro ela seguiu para a cozinha, ainda mais animada – quase pecando pelo excesso - e absorveu primeiro os eletrodomésticos, depois o jogo de talheres em prata - presente de casamento, ainda na caixa, as taças de vinho - que nunca foram utilizadas porque vinho era muito mais caro do que cerveja - e os velhos copos de requeijão. No entanto, quando ela virou o tubo em direção aos pratos, aquele que estava no topo da pilha passou por cima dos outros e espatifou-se no chão. Atraído pelo barulho, o velho Leopoldo levantou-se da poltrona e foi até a cozinha; Deu de cara com ela, com aqueles olhos brilhantes e esbugalhados, assustadora e excessivamente animada.
Quando os policiais chegaram, convocados pelos vizinhos que estranharam a barulheira naquela casa costumeiramente silenciosa, encontraram-na sorrindo, de olhos bem abertos, realizada e sentada em um canto da casa vazia - de móveis e traumas. Os braços e pernas do velho Leopoldo, todo desconjuntado, ainda debatiam-se em um último esforço.







2012 - Menção honrosa no 23º Concurso de Contos Paulo Leminski - Biblioteca Pública Municipal de Toledo - PR

24.11.12

Celebridade

Vivia em um jogo infantil,

sentindo-se a estrelinha
que não se encaixa nos quadrados

22.11.12

E-mail enviado por um leitor

O dono do banco
E-mail enviado por Delano Gondim

Fazendo uma busca sem relação alguma, parei nesse conto. Durante bons anos lendo quase que de forma viciosa, tenho gargalhado um pouco, e me comovido na mesma proporção. No entanto, voltando de cabeça cheia da livraria que visito, com dor de cabeça de tanto procurar algo instigante, me aparece uma pérola dessas. Unicamente comovente. De uma simplicidade genial e marcante.

Envio esse e-mail para parabenizar a você pela grandiosidade dessa pequena peça. Não lí os contos dos outros, e nem precisaria: não conseguiria entender o motivo desse conto ter recebido apenas o sétimo lugar, nem mesmo que você estivesse disputando com Fernando Sabino.

Apesar de não ter validade crítica uma avaliação de um ainda não autor, creio que deva ser importante ter um feedback real, por isso fiz questão de enviar esse e-mail. Escritores assim deveriam ser punidos criminalmente se acaso ao menos pensassem em se desestimular. Não acredito que seja seu caso, contudo, por desencargo de consciência, que sirva de estímulo. Não obrigatoriamente para que você aprimore, mas para estimular no mínimo que continue fazendo "o mais do mesmo". Isso já seria mais que suficiente.

Parabéns.

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19.11.12

Posfácio

Por meses buscou o final perfeito para a autobiografia

Após finalizar a obra, enviou-a para os editores e partiu com pressa: tinha um destino trágico a cumprir

10.11.12

Colcha de Retalhos e as Bibliotecas

Há pouco tempo descobri que o Colcha de Retalhos estabeleceu morada nas cinco bibliotecas da Universidade Federal da Fronteira Sul, localizadas em Chapecó, Laranjeiras do Sul, Realeza, Cerro Largo e Erechim. Foi uma grata surpresa e, depois dessa notícia, resolvi relembrar algumas bibliotecas nas quais o Colcha de Retalhos estabeleceu residência.

Um exemplar foi para a biblioteca do Ibero-Amerikanisches Institut de Berlim (obrigado, Clarissa!). Outro, para a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Uns tantos exemplares estão passeando por bibliotecas públicas de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Paraná.

Não sei mais por onde andam cerca de 1000 exemplares. Mas espero que estejam todos tão bem quanto estes, que com certeza estão em boas mãos; Filho a gente cria para o mundo, mas nunca deixa de querer cuidar!

3.11.12

Corretor

Enquanto acompanhava o potencial cliente até o apartamento, que não erá lá essas coisas, mas que ele tentava empurrar como uma grande oportunidade - o lar dos sonhos, falava também sobre as cercanias:

 É um bairro residencial, ambiente bem familiar...

E foi neste momento que notaram, do outro lado da rua, bem no meio da praça, o corpo de um homem que já nem mais sangrava, ferida aberta no peito, lavada pela chuva que atravessou a madrugada.

Eis que numa tentativa desesperada de emendar o furo, conter o vazamento da represa que já se rachava, complementou a fala cortada:

 Essas brigas de família, cada vez mais violentas!

2.11.12

1.11.12

Nublados

Ela tentava limpar o vidro, e repetia incessantemente:

– Não sai... não sai!

Os olhos seguiam incrédulos, cobertos por nuvens acinzentadas

29.10.12

Entrevista - Taynara Almeida

A jovem escritora Taynara Almeida, de Presidente Venceslau - SP, iniciou uma série de entrevistas com outros autores para seu novo blog. E eu tive a honra de ser o primeiro da fila!

Conheçam mais sobre a autora aqui:


E confiram abaixo o resultado deste bate-papo:


Entrevista

(T.A) A partir de qual idade interessou-se pela escrita?
R. Domit: Desde sempre, mas não a sério. Quando garoto escrevia para divertir os amigos ou provocar suspiros nas amigas. Só em 2007, aos 23 anos, que eu comecei a pensar na literatura mesmo.


(T.A) Qual a sua maior inspiração para escrever?
R. Domit: Cenas do cotidiano. Coisas que acontecem por aí e que eu busco recortar e transformar. Há cenas, frases, rostos e detalhes que se desdobram em histórias inventadas, com um pé na realidade, mas com o outro lá longe...


(T.A) Admira e/ou aprecia as obras de outro autor?
R. Domit: São diversos autores que admiro. Meus preferidos são Eduardo Galeano, Italo Calvino, José Saramago e Albert Camus. Entre os brasileiros, tenho grande apreço pelas poesias de Sérgio Bernardo e de Zeh Gustavo e pelas prosas de Benedito Costa. [eu não queria ficar citando os clássicos e renomados nacionais que todo mundo conhece]


(T.A) Qual o seu primeiro passo rumo ao reconhecimento? Foi fácil?
R. Domit: A Seleção no concurso Luiz Vilela em 2007 foi o primeiro passo. E os concursos literários continuam sendo passos rumo ao reconhecimento. Hoje sou reconhecido como um escritor, o que é bem diferente de ser um escritor reconhecido. Sou mais um entre anônimos, mas os concursos literários tem me alçado, degrau a degrau, nesta carreira longa e árdua. Nada vem fácil, ainda mais pra quem produz literatura no Brasil.


(T.A) Imaginava um dia ser reconhecido como escritor?
R..Domit: Até 2007 eu nem imaginava ser escritor. E só passei a reconhecer-me como escritor e a preencher formulários como tal - no final de 2011, quando veio o segundo livro. Então não deu tempo para pensar nisso ainda.


(T.A) Qual a sensação ao descobrir que tinha talento?
R. Domit: Foi um processo longo de convencimento. As seleções em concursos literários é que me convenceram de que havia qualidade nos textos que eu produzia. A sensação é boa, mas não sei explicar; é bom demais ter seu esforço reconhecido, acho que a sensação é de missão cumprida.


(T.A) Sua família tem lhe apoiado desde o princípio?
R. Domit: Sim. Sempre. Meus pais, irmãos e familiares dão todo o apoio. Quando arrisquei alguns passos, tive a certeza de que essa rede de segurança estava pronta a amortecer uma possível queda.


(T.A) A escrita é sua profissão no momento?
R. Domit: Paralela, sim. Mas tenho um emprego durante a semana, de segunda a sexta, para pagar as contas.


(T.A) Atualmente está a preparo de uma nova obra?
R. Domit: Estou com um nó na cabeça... Entre prosas e poesias, não sei para que lado vou.


(T.A) Após ser escritor mudou algo em sua vida além da rotina?
R. Domit: Tenho viajado um pouco mais, a trabalho, para os lançamentos, e conhecendo muito mais gente de todo o Brasil. A literatura é um criador de laços universal e, com as redes sociais, tudo fica ainda mais fácil- afinal, se a pessoa gosta de um texto e quer comentá-lo, eu, autor, estou ali, a um clique.


(T.A) O que diria aos escritores que não são reconhecidos e que não tiveram oportunidades para seguir carreira?
R. Domit: Acessem http://concursos-literarios.blogspot.com e tirem os textos da gaveta!

25.10.12

As margens trágicas de um povo histórico

Após séculos de genocídio e exclusão, que desaguaram na marginalização, os autoproclamados senhores da ordem e do progresso não se contentaram

E ansiavam, de pistolas e canetas em punho, por expulsá-los até mesmo das margens

24.10.12

Arredios

Correu de braços abertos, tentando agarrar ao menos um - qualquer que fosse, mas não adiantou

Ao abrir os olhos, restava apenas um farfalhar de sonhos ao vento

23.10.12

22.10.12

Em carne viva

Indefesa, diante do toque impróprio - e indelicado, sangrou

Pela chaga aberta, por memórias nefastas, escorreu a vida inteira, gota a gota: tortura diária

21.10.12

Escritor paranaense receberá prêmio literário na ABL

Segue abaixo nota publicada no site Falando de Literatura, do portal Bonde, que é administrado pela escritora curitibana Isabel Furini:


19/10/2012

No dia 26 de outubro, sexta-feira, o escritor paranaense Rodrigo Domit estará na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, para receber o diploma de terceiro lugar obtido pelo seu livro Colcha de Retalhos no Prêmio Humberto de Campos, promovido pela União Brasileira de Escritores.

Rodrigo Domit nasceu em Curitiba, foi criado em Londrina e reside atualmente no Rio de Janeiro. O Colcha de Retalhos, seu segundo livro, é composto por 73 textos curtos - entre contos, crônicas e prosas poéticas - e já havia sido finalista do Prêmio Nacional SESC de Literatura, em 2008, e vencedor do Prêmio Utopia de Literatura, em 2010.

O livro foi lançado em eventos em Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Uberlândia, Uberaba e Sinop.

A versão digital da obra está disponível para leitura online e para download, com um sistema de distribuição peculiar: o leitor decide se quer pagar pela obra e, se optar por realizar o pagamento, também decide qual valor.

Os interessados em saber mais sobre a obra e o autor podem acessar o seguinte site: http://e-bookcolchaderetalhos.blogspot.com.

20.10.12

3º Concurso de Microcontos de Jundiaí

Os contos Barbárie e Caixa de música foram selecionados para compor a coletânea do 3º Concurso de Microcontos de Jundiaí, que é organizado pela prefeitura do referido município.

Nesta antologia, também comemoro a companhia dos seguintes amigos e colegas escritores: Reginaldo Costa Albuquerque, Edweine Loureiro da Silva, Roque Aloísio Weschenfelder, Tatiana Alves Soares Caldas, Geraldo Trombin, Luiz Gondim de Araújo Lins, Maria Aparecida S. Coquemala e Edih Longo.

Barbárie

O sapatinho do bebê jazia no meio da rua enquanto ele permanecia estático, em estado de choque.

Os outros membros da família estavam sendo carregados para a calçada pelos vizinhos que se aproximavam. Dois dos corpos já estavam cobertos por panos improvisados. Incrédulo, ele observava a cena, esfregava os olhos e passava as mãos nervosas pelos cabelos.

Enquanto uma multidão de curiosos aproximava-se, atraída pela freada, pela pancada no ponto de ônibus e pelos gritos, ele permanecia perdido em seus próprios pensamentos. A consciência lhe transbordava, dando ânsias e tonturas. Decidiu sentar-se e, após retornar ao banco do motorista, abaixou a cabeça e tentou segurar entre dedos trêmulos o turbilhão de ideias e o peso da culpa.

Naquele momento, pensou: “Como é que eu vou viver com isso?”. A primeira batida seca dissipou a dúvida. Os gritos da multidão abafaram quaisquer outros questionamentos:

- Assassino!







2012 - Selecionado no 3º Concurso de Microcontos de Jundiaí - Secretaria de Cultura - Jundiaí - SP

VI CLIPP - Concurso Literário de Presidente Prudente

A poesia O vulto na cadeira vaga foi selecionada para compor a coletânea do VI CLIPP - Concurso Literário de Presidente Prudente.

Comemoro ainda mais por ter ao meu lado um punhado de amigos escritores que também foram selecionados: Ana Carolina de Souza Alencar, Ana Cristina Mendes Gomes, André Luiz Alves Caldas Amóra, André Telucazu Kondo, Angelo Pessoa Martins, Aparecida Gianello dos Santos, Carlos Bruni Fernandes, Cássia Rosso, Denivaldo Piaia, Edgar Borges, Edgley Silva Gonçalves, Edileuza Bezerra de Lima Longo, Elias Araujo, Geraldo Trombin, Jacqueline Salgado,José Ronaldo Siqueira Mendes, Jussara C. Godinho, Lucas Corrêa Mendes, Maurício Fregonesi Falleiros, Nédia Sales de Jesus, Paulo Franco, Rodrigo Domit, Roque Aloisio Weschenfelder, Rosana Banharoli, Sérgio Bernardo, Sidclei Nagasawa, Tatiana Alves Soares Caldas, Thiago Jefferson, Zanny Adairalba - e espero não ter esquecido ninguém!

O vulto na cadeira vaga

No meio do caminho

havia duas pedras


de gelo


e uma dose generosa de saudades







2012 - Selecionada no Concurso Literário de Presidente Prudente - Secretaria Municipal de Cultura - Presidente Prudente - SP

Toda Letra e Mundo Livre FM

Por conta do lançamento da versão digital do livro Colcha de Retalhos, concedi uma entrevista ao Portal Toda Letra, que também conta com um espaço - chamado de Um Mundo de Letras - no portal da Mundo Livre FM.


Segue abaixo a matéria publicada:

http://blogs.mundolivrefm.com.br/mundodeletras/2012/10/19/autor-paranaense-inova-ao-disponibilizar-livro-premiado-na-internet/


Autor paranaense inova ao disponibilizar livro premiado na internet
Por Toda Letra em 19 de outubro de 2012

O autor paranaense Rodrigo Domit, que reside atualmente no Rio de Janeiro, inovou ao lançar o seu livro “Colcha de Retalhos” na internet no dia 12 de outubro, em comemoração ao Dia Nacional da Leitura. Rodrigo disponibilizou a versão digital de seu livro, finalista do Prêmio SESC 2008, primeiro lugar do Prêmio Utopia 2010 e terceiro lugar do Concurso Internacional da União Brasileira de Escritores 2012, para leitura online ou download. O pagamento pela leitura da obra e a quantidade monetária devem ser decididos pelo leitor. Segundo Rodrigo, o livro é resultado de dois anos de pesquisa e de exercícios de criação com textos curtos – prosas e poesias. “Por conta disso ele apresenta essa variedade e transição de gêneros, temas, linguagens e estilos. Não consegui vislumbrar outro nome que não fosse este, bem representativo de como produzi e como vejo o livro”, conta.

O autor explica que o principal objetivo de disponibilizar a versão on-line de sua obra é difundir a sua produção, e a internet contribui no sentido de diminuir as barreiras físicas, econômicas e geográficas. “Além disso, o e-book, após a produção do livro impresso, quase não tem custo – o que torna viável esta ‘promoção’. Independente do custo, muitos exemplares impressos foram doados para bibliotecas e deixados em locais públicos, durante eventos como a Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro, FLIP, em Paraty, e Bienal do Livro de São Paulo. Também cabe citar que o e-book ainda é uma incógnita no Brasil, e meu lado pesquisador do mercado editorial fica tentado a saber se e quanto as pessoas estão dispostas a pagar por um livro digital”, explica Rodrigo, que estudava estratégias alternativas de divulgação e distribuição para o mercado editorial e vinha preparando o lançamento em formato digital desde o começo do ano.

O livro impresso foi lançado em dezembro de 2011 e já circulou por eventos no Rio de Janeiro, Paraty (Flip), São Paulo (Bienal), Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu, Uberlândia, Uberaba, Brasília e Sinop (e deve passar por Porto Alegre ainda esse mês). A obra é composta majoritariamente por contos, mas também apresenta crônicas e poesias. O texto conquistou o primeiro lugar no Prêmio Utopia de Literatura em 2010, organizado pela Utopia Editora, de Brasília. Além disso, a publicação também foi finalista do Prêmio Nacional SESC de Literatura, em 2008, e conquistou, em 2012, o terceiro lugar no concurso internacional promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE).

Direitos autorais

Em entrevista à Toda Letra, Rodrigo afirmou que a legislação de direito autoral no Brasil, datada de 1998, está defasada por não contemplar todas as possibilidades de produção, distribuição e reprodução que foram introduzidas pela internet. “No entanto, o mercado editorial já está mudando e ainda vai mudar muito, tal qual a indústria fonográfica, que foi obrigada a adaptar-se ao MP3. No meu caso específico, acredito que não vale a pena produzir arte se esta não for inspiradora. Se minha obra for inspiradora a ponto de alguém criar outra obra, em outros meios e suportes, penso que cumpri minha missão. Só não pode mesmo usar meu trabalho para ganhar dinheiro, aí eu me sentiria roubado”, conclui.

11.10.12

3º TOC140 - Concurso de Poesia no Twitter

A poesia Irremediável foi selecionada, entre mais de duas mil inscritas, para compor a antologia com as 100 melhores poesias do 3º TOC140 - Concurso de Poesia no Twitter, uma iniciativa da Festa Literária de Pernambuco (Fliporto).

Nos últimos dois anos, 2010 e 2011, tive o prazer de ser selecionado neste concurso com as poesias Minimalismo e Curiosa; e é um grande prazer ter sido selecionado mais uma vez!

Neste ano, acompanham-me na seleção os seguintes amigos e colegas escritores: Wilson Gorj, Marco Gemaque, Fred Caju, André Kondo, Ricardo Mainieri, Lucas Corrêa Mendes, Edgar Borges, Edweine Loureiro, Elias Araujo, Daniele Freitas, Cesar Veneziani, Graça Carpes, Fabio Cunha, Zanny Adiralba ... e espero não ter esquecido de mais ninguém!


As 10 melhores poesias selecionadas pela comissão julgadora ainda passam por uma votação online - até o meio-dia de hoje - para escolher as três primeiras. Para conferir as selecionadas e escolher sua preferida, acesse:
http://www.fliporto.net/os-10-mais-do-3o-toc140/

8.10.12

Traças

As traças devoraram livros
e destrincharam jornais

as traças roeram músicas
e mutilaram filmes

naquela época,
devoraram até pessoas
- famílias inteiras


Após anos de clausura
abriram-se as portas e janelas
os novos ares vieram

e as traças esconderam-se
em cantos obscuros
onde até hoje permanecem
- como se fossem invisíveis


Após anos de negação
continuamos adiando
para amanhã, quem sabe

a tarefa indispensável
de revirar armários
e destrancar gavetas

de explorar porões
- sem esquecer dos sótãos

de jogar luz aos fatos

descortinar as traças

para evitar que se repita
a tragédia como farsa








2012 - 1º lugar no VIII Concurso Literário de Suzano - Secretaria Municipal de Cultura - Suzano - SP

7.10.12

Critérios morais em concursos literários

A Revista Continente, de Pernambuco, abriu espaço para o debate e convidou-me a defender um ponto de vista minimamente controverso. Na coluna intitulada Peleja, coube a mim a missão de advogado do diabo: explicar porque, em alguns concursos, são estabelecidos critérios morais de desclassificação:




Depois que grandes fomentadores apresentaram editais com restrições de ordem moral às obras a serem inscritas, o debate sobre a pertinência desse tipo de pré-julgamento mostrou antagonismos. Grande parte dos escritores e críticos, assim como Eduardo Sterzi, enxergam esse tipo de avaliação como um equívoco, mas alguns compreendem a cautela das instituições - é o caso de Rodrigo Domit.


Eduardo Sterzi

Repugna, mas não surpreende que editais de criação literária e prêmios de literatura tenham passado a adotar critérios morais para a desclassificação de autores e obras. Até mesmo editoras comerciais começaram a se valer de tais critérios, conforme se descobre em entrevista recente de um dublê de escritor e editor para a Folha de S.Paulo, na qual esse diz que o principal fator a determinar a contratação de um livro na coleção que dirige, para além do “apelo comercial”, seria a “índole do autor”, sua “ficha limpa”. A adoção de critérios morais pode explicar-se, em parte, por certo conservadorismo, muitas vezes de matriz religiosa, crescente no conjunto da sociedade brasileira. Contudo parece-me que há outra explicação menos generalizante. A sobreposição de critérios morais aos artísticos é coerente com os lugares que nossas instituições têm reservado às artes, não só à literatura, nos dias de hoje. Por um lado, a literatura é encerrada na esfera do espetáculo, incluindo-se aí os concursos e premiações, assim como feiras, festas e festivais ditos “literários”, os quais são, antes de mais nada, autocelebrações do poder institucional de seus patrocinadores. Por outro, a literatura é capturada na esfera pedagógica, subordinando-se ao estudo de componentes suas – a língua e a história – a que, no entanto, não se pode reduzir sem deixar de ser o que é. E o que é a literatura? Mais exatamente: o que é a literatura, quando não se deixa sequestrar pelo espetáculo e pela educação? Ora, se há algo que define a literatura a partir da modernidade (e, lembremos, a própria palavra literatura só passa a existir, em seu sentido forte, com os primeiros modernos: os românticos) é sua negatividade. Negatividade especialmente em relação aos demais discursos sociais, que ela ao mesmo tempo absorve e põe em questão; mas, mais amplamente, negatividade em relação à sociedade e sua moral sempre hipócrita, em relação à história e seus vultos de pés de barro, seus massacres silenciados, em relação a todas as pretensões de verdade única, definitiva. A literatura, experiência extrema da negatividade da palavra em relação à vida como ela é, revela o vazio e o avesso dos grandes nomes (Brás Cubas, por exemplo), das grandes palavras (digamos: Ordem e Progresso). Para qualquer escritor autêntico, portanto, talvez não haja maior reconhecimento que a desclassificação. O que, porém, de modo algum deve diminuir a vergonha, que, frequentemente, não se distingue da rotina das instituições.



Rodrigo Domit

Os critérios morais são frequentes nas definições do que é publicável por editoras e nos regulamentos de concursos literários organizados por instituições particulares ou públicas, mas ganharam destaque recentemente devido à inclusão de restrições no edital das bolsas de criação literária da Fundação Biblioteca Nacional. Nas empresas privadas, os editais são revisados pelos departamentos jurídicos e de marketing, a fim de resguardar a empresa de possíveis processos ou crises institucionais. Atualmente, se uma empresa associa sua marca a qualquer material considerado ofensivo, em poucos minutos circulam pelas redes sociais comentários negativos e ameaças de retaliações. Sendo assim, opta-se por uma censura prévia, para evitar que a empresa venha a sofrer as consequências da publicação e tenha sua imagem associada a conceitos vistos pela sociedade como impróprios. Em outros casos, estabelecem-se restrições porque os textos serão publicados em material destinado a leitores de variadas idades. Apesar de “moralistas”, os concursos do Sesc-DF e das Livrarias Curitiba estão entre os mais concorridos do país e são reconhecidos pela seleção de textos de muita qualidade. No caso dos editais da FBN, parte dos critérios justifica-se pela legislação. Seria absurdo se fosse publicada com verba pública uma obra que caracterizasse promoção política e outros crimes – enfatizo o termo caracterizar! É indefensável, no entanto, o seguinte trecho: “dano à honra, à moral e aos bons costumes de terceiros e da sociedade”. A subjetividade dessas palavras abre espaço para todo e qualquer questionamento de todo e qualquer indivíduo ou instituição que se sintam ofendidos. Se, por um lado, avançamos na defesa de alguns direitos, por outro, mais especificamente na área das artes, esbarramos na incapacidade de separar a expressão artística do crime de opinião: uma coisa é publicar texto que se caracterize como crime, outra é retratar, através da literatura, algum aspecto da sociedade atual tido como abominável, mas que inegavelmente existe. Apesar da discussão, editoras, premiações literárias e instituições fomentadoras nunca foram o caminho preferencial para transgressões. E, felizmente, a boa literatura sempre conquistou e continuará a conquistar espaços alternativos para publicação e circulação.

Jornal Sobrecapa Literal - Ed. 20

Está no ar a edição de outubro do jornal Sobrecapa Literal.

Editado por Ana Cristina Melo, com a colaboração de Alex Gomes, Dag Bandeira, Jp Mariz da Veiga, Bruno Grossi, Fábio Sgroi, Danilo Marques.

Neste mês, escrevo sobre poesia e mudanças, na coluna Sem poesia não dá, feita em parceria com Sérgio Bernardo.


Confiram o jornal aqui:

Odisseu

Navego por mares errantes
- cansado de batalhas

em rumo a minha pátria
aos braços de minha amada

nascente de meus sonhos

poente de meus anseios

6.10.12

Clipping - Concurso Literário da Uniso

Saiu no site da Uniso uma nota sobre o concurso literário:
http://www.uniso.br/noticias/NotCompleta.aspx?noticia=3050


Concurso Literário premia vencedores
05/10/2012


A 31ª edição do Concurso Literário premiou os três primeiros colocados nas categorias videominuto e microconto, numa cerimônia realizada ontem à noite, no câmpus Trujillo, encerrando a Semana de Letras.

Nesta edição, que teve como tema “Narrativas/Cenas Urbanas”, foram inscritas 328 obras de autores residentes em diversos Estados brasileiros e também no exterior. A primeira eliminatória selecionou dez autores, sendo cinco em cada categoria.

Na categoria microconto, Tatiana Luques, de Tatuí, venceu com o trabalho “Obrigações”. O segundo colocado foi Rodrigo Domit, do Rio de Janeiro, com “Alice na Cidade Maravilhosa”, e o terceiro, Lenon Silva Alves, de Salto, com “Retratos do Cotidiano”.

Na categoria videominuto, Thiago de Abreu Spinardi “Ogat”, de Sorocaba, ficou em primeiro lugar, com o trabalho “Micro Holy Bugle”. Geraldo Trombin, de Americana, conquistou a segunda colocação com “Vide Verso”, e Nivaldo Joaquim, de São José, ficou em terceiro com “Circo no trânsito”.

O primeiro colocado em cada categoria foi premiado com livro e troféu confeccionado pela ex-aluna de Letras Português/Inglês, Marcela Nohama, e os demais finalistas ganharam livros, além de certificado.

Na categoria de microcontos, além dos finalistas, 55 trabalhos receberam menção honrosa da comissão julgadora. Os textos foram selecionados, inclusive, para compor uma antologia que será editada no formato de e-book, em parceria com a editora Jogo de Palavras.

5.10.12

XXXI Concurso Literário da Uniso (Atualizado)

O microconto Alice na Cidade Maravilhosa conquistou o 2º lugar no XXXI Concurso Literário da Uniso, organizado pelo Curso de Letras da Universidade de Sorocaba.

Além dos cinco finalistas, 54 trabalhos receberam menção honrosa da comissão julgadora e foram selecionados para compor uma antologia que será editada no formato digital, em parceria com a editora Jogo de Palavras.

Destaco na antologia a presença dos amigos e colegas escritores: Angelo Pessoa, Aparecida Gianello dos Santos, Lohan Lage Pignone, Janaína Santos Barroso, Jussára C. Godinho, entre outros.

E destaco o Geraldo Trombin como segundo colocado na categoria videominuto!


Fonte:

28.9.12

Audácia no blog Referência Bibliográfica

O blog Referência Bibliográfica se dispõe, de acordo com a descrição do espaço, a publicar "belas e significantes passagens de livros, sites ... com o objetivo de proporcionar ideias para reflexão". Sabendo disso, alegro-me ainda mais por ter um de meus textos escolhidos, pois prezo pela necessidade do texto desdobrar-se em reflexão. Confiram a seleção de prosas curtas abaixo:

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Prosa Curta
por Diego Araújo da Rosa



O miniconto e o conto pequeno são exemplos de um tipo de literatura que tem se tornado cada vez mais freqüente. O primeiro possui até 150 caracteres (contando letras, espaço e pontuação), para permitir o seu envio por SMS; o segundo tem, mais ou menos, o tamanho da metade de uma folha de ofício. Veja:



NA ZONA

Apaixonado pela puta, tirou a mulher da vida com uma bala na boca.

(Rosane Coelho. In: www.rosanecoelho.prosaeverso.net)



RECRIMINAÇÃO

O meu avô trouxe uma cadeira e após colocá-la à minha frente, olhou-me de tal forma que eu me senti como se levitando, até sentar-me, apesar da minha vontade ser a de estar longe daquela varanda. Ele entrou e pouco depois voltou com uma xícara de café, colocando-a na mesinha ao lado da sua cadeira. Sem dizer uma palavra, entrou novamente, e eu, com uma enorme necessidade de abstrair-me, passei a observar uma mosca que pousara na xícara. Ela caminhava vagarosamente para um lado e para o outro, até quando eu abafei com a mão a borda da xícara, afogando-a no café.
Logo depois o meu avô chegou com a bola e alguns cacos de vidro da janela da sala, e após sorver o café, passou às acusações, sem imaginar o que eu colocara dentro do seu corpo para me ajudar a suportar tudo aquilo.

(Nerino de Campos. In: blogdonerino.blogspot.com.br)



AUDÁCIA

Pela primeira vez em trinta anos, ela olhou fundo, bem nos olhos do marido:
- Você que falou para o menino não se amiudar?
Ele ficou surpreso com a novidade do enfrentamento, corrigiu a postura e falou com ar superior e desleixado – como se respondesse só porque queria mesmo:
- Falei sim, filho meu não traz desaforo pra casa!
Mordendo o lábio inferior e contraindo as quinas dos olhos, ela continuou:
- Não traz mesmo. Ele nunca mais vai trazer.
Ele ainda tentou abraçá-la, mas o bote da mão esquerda o afastou daquele choro que era só dela.

(Rodrigo Domit. In: rodrigodomit.blogspot.com.br)



Informação complementar: os três autores citados - Rosane Coelho, Nerino Campos e Rodrigo Domit - já foram premiados em concursos de literatura.

26.9.12

Retorno inesperado

Durante minha visita à Bienal Internacional do Livro, deixei alguns exemplares do Colcha de Retalhos espalhados pelas estantes da sala de imprensa do evento.

Ontem, deparei-me ao acaso com a seguinte publicação:

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por Helga Monteiro Ventura

Descobri as escritas de Rodrigo Domit repousando em sua colcha de retalhos na estante da Sala de Imprensa da última Bienal Internacional do Livro. Tirei-as do cochilo e iniciamos um tricô como velhas conhecidas. Passeei por historietas que pareciam familiares. Ou talvez não, não sei ao certo. O fato é que poucas palavras conseguiram me fazer enxergar recortes de muitas vidas. Como se o autor pudesse perceber no percurso de cada andarilho do mundo o instante exato em que a simplicidade de algum acontecimento fosse perturbadora o bastante para tirar o sono de toda humanidade.

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Fico cada dia mais feliz e surpreso com  os caminhos que este livro tem trilhado.
Muito obrigado pelo retorno, Helga!

20.9.12

Mobilização nacional - Um poema em cada árvore

A poesia Cochicho foi selecionada para participar da mobilização nacional do projeto Um poema em cada árvore, que será realizada amanhã, dia 21 de setembro de 2012, em 83 cidades de 23 estados, além do Distrito Federal.

Neste dia, em que se comemora o Dia da Árvore, uma rede poetas, educadores, agentes culturais e sociais estarão mobilizados para levar a poesia aos locais onde o povo está.


Sobre o projeto


O Um poema em cada árvore é uma iniciativa de incentivo à leitura realizada desde agosto de 2010 na cidade de Governador Valadares, Minas Gerais.


Idealizada pelo poeta Marcelo Rocha e realizada pelo Instituto Psia, a iniciativa caracteriza-se por utilizar as árvores como suporte para a leitura, pendurando mensalmente poemas de poetas desconhecidos do grande público nos oitis valadarenses.

Esta foi uma forma encontrada para construir novos espaços de fruição poética, ampliar o acesso da população à poesia e colocar o trabalho de poetas anônimos em contato com novos públicos.

O projeto foi uma das iniciativas premiadas com o Prêmio Vivaleitura 2011, concedido pela OEI - Organização dos Estados Ibero-Americanos, Ministério da Cultura, Ministério da Educação e Fundação Santillana.


Mobilização nacional

A repercussão nacional do projeto somada à sua característica pioneira e de fácil replicação permitiu que diversos poetas, educadores, agentes culturais e sociais brasileiros manifestassem interesse em realizar o Um poema em cada árvore em suas cidades.

Ao encontro dessas maravilhosas manifestações será realizado no Dia da Árvore (21 de setembro) o Um poema em cada árvore (Mobilização Nacional) em 83 (oitenta e três) cidades de 24 Unidades Federativas brasileiras, constituindo assim uma rede de poetas, educadores,agentes culturais e sociais mobilizados em fomentar ainda mais as intenções do projeto no que refere à conquista de novos espaços de fruição poética, ampliação do acesso da população à poesia, divulgação do trabalho de poetas desconhecidos do grande público e elevação do índices de leitura em nosso país.


Lista das cidades participantes

1. ALEXANDRIA - RN
2. ALMENARA - MG
3. ALTA FLORESTA - MT
4. ANÁPOLIS - GO
5. BACABAL - MA
6. BAGÉ - RS
7. BELO HORIZONTE - MG
8. BOQUEIRÃO - PB
9. BRASÍLIA - DF
10. CAMPINA GRANDE - PB
11. CAMPO GRANDE - MS
12. CAMPO NOVO DO PARECIS - MT
13. CARMOPOLIS DE MINAS - MG
14. CERQUILHO - MG
15. CHAPADA GAÚCHA - MG
16. CONSELHEIRO LAFAIETE - MG
17. CONTAGEM - MG
18. CURITIBA - PR
19. DELTA - MG
20. DOURADOS - MS
21. ENTRE RIOS DE MINAS - MG
22. ESPLANADA - BA
23. FORTALEZA - CE
24. FREDERICO WESTPHALEN - RS
25. GARÇA - SP
26. GOVERNADOR VALADARES - MG
27. GUARANÉSIA - MG
28. IBATEGUARA - AL
29. ILHÉUS - BA
30. ITABUNA - BA
31. JANUÁRIA - MG
32. JARAGUARI - MS
33. JUAZEIRO DO NORTE - PB
34. JUÍNA - MT
35. LAGAMAR - MG
36. LAPÃO - BA
37. LARANJAL - MG
38. LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA - BA
39. MACAPÁ - AP
40. MAJOR SALES - RN
41. MANAUS - AM
42. MARABÁ - PA
43. MARAVILHA - SC
44. MARIANA - MG
45. MARINGÁ - PR
46. MATA GRANDE - AL
47. NITERÓI - RJ
48. OSASCO - SP
49. OURO BRANCO (ITATIAIA - ZONA RURAL) - MG
50. PETRÓPOLIS - RJ
51. PIAÇABUÇU - AL
52. PIRAJU - SP
53. POÁ - SP
54. PONTE NOVA - MG
55. PORTO ALEGRE - RS
56. PORTO VELHO - RO
57. PRATA DO PIAUI - PI
58. QUELUZ - SP
59. RECIFE - PE
60. RIO DE JANEIRO - RJ
61. RIO DOCE - MG
62. RIO GRANDE - RS
63. RIO VERDE DE MATO GROSSO - MS
64. SALVADOR - BA
65. SANTA CRUZ DE GOIÁS - GO
66. SANTA CRUZ DO SUL - RS
67. SANTA MARIA - RS
68. SANTANA - AP
69. SANTIAGO (TERRA DOS POETAS) - RS
70. SÃO FRANCISCO DO CONDE - BA
71. SÃO GONÇALO DO SAPUCAI - MG
72. SÃO JULIÃO - PI
73. SÃO MATEUS - ES
74. SERRA - ES
75. TEIXEIRA DE FREITAS - BA
76. UBAÍRA - BA
77. UBERABA - MG
78. UNAI - MG
79. UNIÃO DOS PALMARES - AL
80. VINHEDO - RS
81. VITÓRIA - ES
82. VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
83. XAPURI - AC


Mais informações:

15.9.12

Concursos Literários no site Pra Ler


O Pra Ler - que conta com um site e um programa de rádio, que é veiculado toda quinta-feira, às 16:15, na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM ou www.ufmg.br/radio) - publicou uma série de matérias sobre Concursos Literários que contou com minha colaboração, como entrevistado.

Seguem abaixo as três matérias:

[Série] Concursos literários – Atrás dos pseudônimos
Escrito por Julia Marques
27 de agosto de 2012

No último dia de 1937, um jovem de 29 anos, escondido pelo pseudônimo Viator, apostava suas fichas em um calhamaço com mais de 500 páginas de contos datilografados para um concurso literário. O prêmio era bom: a publicação do livro pela Editora José Olympio, tradicional editora brasileira e pertencente ao Grupo Record desde 2001. Depois de descartar obras “menos sólidas”, uma comissão julgadora formada por ninguém menos que Prudente de Morais, Dias da Costa, Peregrino Junior, Marques Rebelo e Graciliano Ramos enfrentou a difícil missão de permanecer unida após o concurso. Entre os finalistas, estava a obra do desconhecido Viator e outra coletânea de contos muito mais enxuta, de Luiz Jardim, um veterano em prêmios literários.

Quase se estapearam na hora de decidir entre os dois. Graciliano quis o livro menor. Dias da Costa, também. Insatisfeito, Marques Rebelo “gritou, espumou, fez um número excessivo de piruetas ferozes” – como esclareceria o próprio colega Graciliano anos depois – e deu seu voto para Viator. Prudente foi atrás. Peregrino foi quem decidiu. Venceram a democracia e o livro Marias perigosas, de Luiz Jardim. Nove anos mais tarde, Viator lançou seu livro pela Editora Universal, no Rio de Janeiro. A primeira edição de Sagarana em poucos dias se esgotou e um novo autor começava a chamar atenção no meio literário: João Guimarães Rosa.

Primeira edição de Sagarana

Mais de 70 anos se passaram desde que essa história aconteceu, mas ainda hoje as editoras buscam a via do concurso literário para descobrirem bons autores. Também não é raro que os julgadores gritem e espumem, assim como fez Marques Rebelo, para darem a vitória ao livro que mais lhes agradou. E no mundo à parte dos concursos literários, atrás de seus pseudônimos, os autores se movimentam em busca de fazer conhecida a sua verdadeira identidade. Poucos conseguem, outros tantos permanecem Viatores.

Tour pelos prêmios

Concursos literários existem há muitas décadas no Brasil, mas talvez o Prêmio Humberto de Campos, do qual Guimarães Rosa participou, não fosse tão concorrido quanto o são hoje outras competições literárias até menos tradicionais. De uns anos pra cá, com a popularização da internet, concursos que já existiam ganharam uma maior divulgação. O editor do blog Concursos Literários, Rodrigo Domit, explica que após a criação das redes sociais e suas comunidades, ficou mais fácil encontrar pessoas com interesses comuns e dispostas a compartilhar conteúdo. “Acredito que a comunidade ‘Concursos Literários’ no Orkut, no ar desde 2004, foi um marco para ampliar a divulgação de certames”, destaca.
O próprio blog de Rodrigo é um dos espaços de maior divulgação dos concursos literários. O endereço está no ar há apenas um ano e meio, mas apesar da pouca idade já dá passos grandes. Rodrigo foi quem criou o domínio, mas conta hoje com dez colaboradores, das cinco regiões do país. O objetivo é garimpar o maior número de concursos literários espalhados pelo Brasil e levar os editais ao conhecimento dos escritores. “A gente sai à caça e já fechei o mês com 48 concursos”, conta.
A maioria dos concursos literários hoje está localizada nas regiões Sudeste e Sul do país. Mas todos os estados já contaram com pelo menos um certame. Se as capitais concentram maior número de prêmios, cidades menores como Ituiutaba, em Minas Gerais, e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, comandam a realização de premiações muito renomadas e tradicionais.





[Série] Concursos literários – Gêneros Diversos
Escrito por Julia Marques
29 de agosto de 2012

Basta um pequeno passeio pelos editais dos concursos literários para saber que eles não são, nem de longe, iguais. As diferenças vão desde a nascente – quem patrocina – até a foz – a forma de entrega da premiação. Nesse percurso, existem ainda muitos meandros.

De acordo com Rodrigo Domit, editor do blog Concursos Literários, as maiores fontes patrocinadoras de concursos no país são estatais, como prefeituras, secretarias de cultura, fundações culturais e bibliotecas públicas; ou paraestatais, como o Serviço Social do Comércio (Sesc). Em seguida, no ranking dos que mais promovem esse tipo de atividade, estão as instituições literárias ou relacionadas à literatura, como as academias de letras, editoras, livrarias e revistas.

As regras para a participação também variam muito. Concursos como o Jabuti – o mais importante prêmio literário do Brasil, lançado em 1959 – não premiam autores inéditos, mas sim obras já publicadas. Outros, ao contrário, exigem que o texto ainda não tenha circulado no meio literário, o que significa que a obra não pode ter sido impressa ou até mesmo disponibilizada para leitura em blogs ou sites.

Troféu do Prêmio Jabuti, por Danilo Máximo

Para alguns editais, é possível tirar da gaveta um poema ou um conto antigo e participar. Outros exigem um esforço maior: é preciso ter não só uma, mas sim um livro inteiro de poesias antes de se inscrever. Para os que têm bom poder de síntese, já existem concursos próprios para os microblogs, como o que a Academia Brasileira de Letras lançou em 2010. A exigência era fazer um microconto com apenas 140 caracteres, um tweet.

Os gêneros literários premiados também variam inclusive em um mesmo concurso. É o caso, por exemplo, do Prêmio Literário Livraria Asabeça, organizado pela Editora Scortecci. “A cada ano, o Prêmio é organizado e planejado de uma forma diferente. Esse ano ele está contemplando livro de poesia e livro de contos. Ano que vem vai ser uma novela e um romance”, anuncia o editor responsável pelo certame, João Scortecci. O prêmio da Asabeça é a publicação do livro. Outros concursos dão quantias em dinheiro e existem aqueles que garantem, ao contrário, bons gastos.

Prêmio que não é prêmio
“Verdadeiros estelionatários, que cobram pela inscrição, pela publicação e, em alguns casos, não chegam nem a entregar a obra”. Assim o editor do blog Concursos Literários caracteriza os prêmios conhecidos pelos escritores como caça-níqueis. Para evitar que autores iniciantes caiam nesse tipo de armadilha, o blog não divulga concursos que cobrem taxa de inscrição.

O escritor Rafael Clodomiro foi vencedor do prêmio UFF de Literatura, da Universidade Federal Fluminense, em 2009, na categoria Poesia. Na comunidade do Clube dos Autores, ele organizou um fórum só para debater os concursos literários com outros escritores. Rafael aconselha que os autores iniciantes tenham atenção especial aos concursos que cobram taxas. “É nestes que estão os maiores problemas. Logicamente, quando você paga alguma coisa, você espera um retorno muito bom, principalmente na premiação, avaliação e divulgação. E, se um desses quesitos não acontece, os autores se sentem frustrados”, explica.

Mas a taxa de inscrição pode não ser um indicativo absoluto da má qualidade. Concursos considerados sérios, como o Jabuti, fazem esse tipo de cobrança e estão longe de serem estelionatários. Para o escritor Alexandre Lobão, que dá dicas a autores em seu site, é preciso, mais do que verificar se há taxas, olhar para o histórico da entidade que promove o concurso e avaliar os editais. Se a promessa é publicar uma coletânea custeada pelos próprios autores, pode não valer muito a pena. Alexandre destaca, entretanto, que mesmo os concursos considerados caça-níqueis podem não ser uma roubada tão grande quanto parecem. “Às vezes o cara é um autor inédito, quer publicar o trabalho dele. Ele entra lá, gasta de repente 30 reais para fazer uma inscrição. Se ele for selecionado vai ser um trabalho dele, por mais que seja uma coisa que digamos não é muito séria, reconhecida”, pondera.





[Série] Concursos literários – Do outro lado do texto
Escrito por Julia Marques
6 de setembro de 2012

Assim como os concursos, as motivações para participar também são diferentes e dependem do autor e sua posição no meio literário. O escritor Alexandre Lobão conta que atualmente só participa do concurso de Ficção Científica Brasileira (FC do B), idealizado em 2004 pela Book House Boys, com o objetivo de se divertir. Mas no início de sua carreira, Lobão considera que os concursos foram importantes para que ele continuasse escrevendo.

Autores que nunca publicaram encontram nos concursos literários um aval para a qualidade de suas obras. Rodrigo Domit, editor do blog Concursos Literários, acredita que o que leva as pessoas a começarem a participar é a ansiedade por saber se alguém que não conhecem e que entende de literatura vai gostar daquilo que produzem. “O dinheiro também pesa, mas acho que, no começo, é mais o desejo de saber se é bom – como se ficar de fora da lista de selecionados fosse um atestado de ruindade”, aponta.

Muitos concursos não garantem a publicação da obra, mas dão visibilidade ao autor. “Todos os participantes vão querer conhecer os textos e autores selecionados. Depois, o autor ainda pode enriquecer o currículo literário, enviar release para a imprensa local quando se destaca em algum prêmio e, se houver cerimônia de premiação, ainda tem a oportunidade da troca de experiências com outros selecionados e com os autores da região em que o concurso é realizado”, destaca Domit. A visibilidade pode ser uma chancela para o mercado editorial. O escritor Rafael Clodomiro acredita que os prêmios ajudam a tornar os escritores conhecidos no meio, o que facilitaria a publicação da obra. “As editoras não querem somente autores talentosos na arte de escrever, e sim, também, escritores que estão sendo bem falados, bem criticados”, diz.

O escritor Cristovão Tezza também acredita que os concursos eventualmente facilitem a edição, mas relativiza o papel dos concursos na inserção de um autor no mercado editorial. “Um prêmio pode chamar a atenção de uma editora, mas certamente não será determinante para a decisão de publicar um livro”, defende. O escritor, que foi finalista no Prêmio Internacional Impac-Dublin de literatura e faturou o Jabuti e Portugal-Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, conta que nunca escreveu pensando em concursos. “Eles apareciam e eu me inscrevia, assim como mandava meus originais para as editoras. Jamais perdi o sono por não ganhar concurso”, afirma.

Cristovão Tezza, por Guilherme Pupo/Folhapress

Mas ele também acredita que eles podem abrir oportunidades. No seu caso, a menção honrosa no Prêmio Cruz e Souza para a obra Ensaio da Paixão, em 1981, valeu uma edição do livro em 1985. Já a segunda colocação no concurso da Petrobras facilitou a primeira edição de Aventuras provisórias. Mas Cristovão conta que o que de fato começou a lhe dar espaço na literatura brasileira foi a edição de Trapo, em 1988, por uma grande editora. “O mesmo texto que havia perdido dois ou três concursos de romances inéditos nos anos anteriores”, pontua.

A trajetória de premiações de Cristovão Tezza não é nem de longe parecida com a da maioria dos escritores. Muitos tentam concursos há bons anos e nunca conseguiram menções honrosas. Porém, não ser premiado em um concurso não significa necessariamente que um texto é ruim e muito menos que é hora de desistir de escrever. “Quem almeja se projetar como escritor deve antes de mais nada se preocupar em escrever bons livros. Concurso é acidente, não objetivo de vida”, acredita Cristóvão.

O julgamento
Até o dia 30 de setembro deste ano, algumas dezenas de livros de contos e poesias devem chegar à Rua Deputado Lacerda Franco, no bairro Pinheiros, em São Paulo. O endereço é do Grupo Editorial Scortecci, que promove anualmente o Prêmio Literário Livraria Asabeça. Do material enviado, será escolhido no dia 31 de dezembro um livro de contos e um de poesia para serem publicados pela Editora. Até lá, um longo caminho pela frente.

O editor responsável pelo certame, João Scortecci, conta que logo que as obras chegam, passam por uma primeira triagem feita por ele mesmo. Nessa primeira peneira saem os “trabalhos muito fracos” ou “com erros de português”. Ele explica que isso elimina cerca de metade do material. Depois da triagem é montada uma comissão julgadora, formada por escritores, que muda a cada ano. Este ano é provável que sejam contistas e poetas, para avaliarem esses dois gêneros contemplados pelo concurso.

Cada jurado escolhe dez trabalhos e depois discutem e mostram os prós e contas das obras pré-selecionadas. Em um processo nem sempre amistoso, a comissão julgadora deve sair com um único título a ser premiado. Mas, se cada um vota em uma obra, a escolha se complica. Aí a decisão volta a Scortecci, que é o editor responsável. É ele quem dá o voto de Minerva.

“Os jurados vão por uma preferência pessoal. Aliás, todo concurso é muito pessoal”, defende João. Não há um critério geral que norteie os autores na hora da escolha, mas Scortecci dá pistas sobre suas preferências: “os jurados procuram aquilo que é novo, que é diferente, aquilo que pode realmente representar um bom livro”. E o que pode representar um bom livro? A resposta está longe de ser um consenso.

Cristovão Tezza, que já foi membro de várias comissões julgadoras, entre elas a do último Prêmio Sesc de Literatura, conta que julgar dá muito trabalho, pela quantidade de leitura que exige e pela subjetividade inevitável da avaliação. “Literatura não é, e jamais deve ser, ciência exata. Quem entra num concurso deve estar ciente de que será objeto de uma avaliação de momento, segundo determinadas percepções e visões de literatura carregadas de uma inevitável, e de certa forma desejável, dose de subjetividade”, diz.

5.9.12

Fragmentos

Quebrou-se

no mergulho do pássaro

o espelho d´água








2012 - Selecionada no 12º Prêmio Escriba de Poesias - Secretaria de Cultura - Piracicaba - SP

4.9.12

12º Prêmio Escriba de Poesias


A poesia Fragmentos foi uma das 30 selecionadas para a antologia do 12º Prêmio Escriba de Poesias, promovido pela Prefeitura de Piracicaba, através da Secretaria da Ação Cultural.

Fico feliz pela seleção e porque vários nomes conhecidos me acompanharão na publicação, entre eles: Múcio Góes, Reginaldo Albuquerque, Lohan Lage Pignone, Éder Rodrigues, João Paulo Parísio, André Kondo e Lucas Corrêa Mendes.

Segue o link para o resultado:





Fragmentos


Quebrou-se

no mergulho do pássaro

o espelho d´água

27.8.12

21º Poemas no Ônibus e no Trem

A poesia Irremediável foi selecionada, entre mais de mil inscritas, para participar do projeto Poemas nos Ônibus e no Trem, uma iniciativa da Coordenação do Livro e Leitura da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.

Nos últimos dois anos, 2010 e 2011, tive o prazer de participar deste projeto com as poesias Novelo e Relento; e é um grande prazer ter sido selecionado mais uma vez!

Espero conseguir comparecer ao lançamento da antologia do concurso, que será realizado durante a Feira do Livro de Porto Alegre.


Fonte:
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Irremediável


A louça delicada

atirada na parede

partiu o silêncio
- em mil pedaços

Irremediável

A louça delicada

atirada na parede

partiu o silêncio
- em mil pedaços







2012 - Selecionada no 3º Concurso TOC140 de Poesia no Twitter - VI Festa Literária Internacional de Pernambuco - Olinda - PE;
2012 - Selecionada no 21º Concurso Poemas nos Ônibus e nos Trens - Secretaria Municipal de Cultura - Porto Alegre - RS

20.8.12

Poema no Ônibus

Comentário sobre a poesia "Relento", que está circulando nos ônibus e nos trens de Porto Alegre:


Olá, Rodrigo

Entrei hoje em um ônibus, em um bairro muito pobre de Porto Alegre. Olhei para a janela e dei com os versos:

"Na janela embaçada
o coração riscado a dedo
derreteu aquele gelo"

Grata surpresa...
Grande abraço!

Clique na imagem para ampliar

15.8.12

A Bienal do Livro e a formação profissional dos autores

Todo evento literário do Brasil, em algum momento, enfrenta críticas por ter se tornado demasiado comercial, com mais foco no mercado do que na criação e nos debates e estudos sobre a literatura. No entanto, esta crítica só se enquadra aos eventos que têm a pretensão de estabelecer o foco no estímulo à criação ou nos debates e estudos literários; e a Bienal do livro apresenta-se como um espaço mais amplo, que conta com espaço para o estímulo à criação e para os debates, mas que é voltado a movimentar o mercado editorial e, principalmente, ao encontro entre profissionais do livro, e entre estes profissionais com instituições, projetos e outros segmentos editoriais.

Este ano, a Bienal conta com cerca de 480 expositores e espera receber um público de 800.000 pessoas. A maior parte do público é formada por leitores que não são escritores ou estão ligados ao mercado editorial; e este público é agraciado com a possibilidade de encontro com escritores e com uma variedade enorme de obras, desde as obras das grandes editoras até as obras de autores independentes que investiram em estandes. Esta movimentação do mercado é uma das faces da Bienal.

Outro aspecto do evento é a possibilidade de encontro e interação entre os profissionais da área editorial e também destes profissionais com instituições, projetos e algumas propostas e novidades do mercado. Há estandes de diversas editoras; de instituições públicas relacionadas à literatura, como as editoras universitárias, as Secretarias de Cultura e a Fundação Biblioteca Nacional; de instituições não necessariamente ligadas à literatura, mas que desenvolvem trabalhos editorias, como a Fundação Alexandre de Gusmão e a Embrapa; de instituições que desenvolvem projetos interessantes, como o Instituto Pró-Livro e Fundação Dorina Nowill; e, por fim, estandes de editoras e instituições que abrem espaço para os autores conhecerem e se inserirem nos rumos do mercado, como a Nuvem de Livros, projetos com foco na autopublicação e integração da literatura com outras artes e mídias.

Além dos estandes, há espaços como: o Salão de Ideias; os palcos e mesas de debates do SESC, SESI e SENAI; as concorridíssimas mesas de autógrafos e lançamentos; a presença de instituições estrangeiras, que buscam ampliar o intercâmbio com a literatura brasileira; e muitas outras opções para estabelecer contatos e, especialmente, para lapidar-se como um profissional do mercado editorial.

Em outras áreas de atuação, um evento destas proporções seria inimaginável. Poucos são os congressos e eventos em que os que dão os primeiros passos na carreira têm oportunidade de dialogar com aqueles que já estão no topo, com empresas e instituições que estão dispostas a investir no mercado e, ao mesmo tempo, com projetos que estimulam o empreendedorismo.

Se nós, autores, temos na Bienal um evento voltado ao mercado, temos mais é que agradecer; pois, caso não o fosse, estaríamos fadados a trilhar por caminhos desconhecidos sem qualquer farol para nos apontar os caminhos. Sem contar que, como ponto de encontro, um evento deste porte também estimula o estreitamento de laços entre autores que, muitas vezes, só se conhecem através da internet. Infelizmente, este ano esqueci meu celular e acabei me desencontrando dos amigos e colegas; mas no ano que vem, aqui no Rio, estarei presente e mais atento.